Heresia
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Diz-se heresia a negação pertinaz, depois de recebido o baptismo, de alguma verdade que se deve crer com fé divina e católica, ou ainda a dúvida pertinaz acerca da mesma.4
Pela definição de heresia, já se pressupõe que há a necessidade de que tenha recebido o batismo aquele a quem seja imputada a acusação de herege, para que consequentemente possa ser aplicada a pena prevista.
O Código de Direito Canônico é extremamente claro na definição de heresia, sendo importante a atenção ao elemento pertinácia do conceito, referente à consciência clara e continuada da negação.
Como católicos, devemos crer com fé divina e católica em tudo o que se contém na palavra de Deus escrita ou transmitida por Tradição, ou seja, no único depósito da fé confiado à Igreja, quando ao mesmo tempo é proposto como divinamente revelado quer pelo magistério solene da Igreja, quer pelo seu magistério ordinário e universal; isto é, o que se manifesta na adesão comum dos fiéis sob a condução do sagrado magistério; por conseguinte, todos têm a obrigação de evitar quaisquer doutrinas contrárias. Devemos ainda firmemente aceitar e acreditar também em tudo o que é proposto de maneira definitiva pelo magistério da Igreja em matéria de fé e costumes, isto é, tudo o que se requer para conservar santamente e expor fielmente o depósito da fé; opõe-se, portanto, à doutrina da Igreja Católica quem rejeitar tais proposições consideradas definitivas.5 Esta fé está obviamente relacionada a nossa certeza de que Cristo institui sua ÚNICA e VERDADEIRA Igreja após a profissão de fé de Pedro5 e nascida do lado aberto do Senhor na Cruz. A gravidade na dúvida de qualquer verdade transmitida pela Tradição, pela Sagrada Escritura ou pelo Magistério está no fato de, como ensinam os Santos Padres, ao desconfiar de uma só verdade coloca-se em suspeita toda Doutrina Católica e, por conseguinte a própria Igreja.
A Igreja ao longo da sua existência, combateu e tem combatido diversas heresias. Tal luta se deu desde os primeiros séculos. Expomos algumas de forma resumida sem atermo-nos nas variações das mesmas.
A heresia de Cerinto afirmava que Jesus não era o Cristo, Maria não era Virgem, Jesus era filho de José, e somente no batismo o Cristo, vindo do Supremo Princípio, que está acima de todas as coisas, desceu em Jesus e só a partir disso Jesus anunciou o Pai, este Cristo abandonou Jesus antes da sua paixão, morte e ressurreição.
Docetismo nega corporeidade de Jesus, pensamento embebido do gnosticismo o qual é caracterizado pelo menosprezo da matéria, da carne. Sendo o gnosticismo outra heresia.
Monarquianismo nega de certa forma a Santíssima Trindade, pois segundo esta heresia distinguir, em Deus, pessoas diferentes na unidade da divindade seria admitir um segundo Deus. Portanto o Filho, não seria outra pessoa distinta do Pai, mas sim o próprio Pai numa forma ou modalidade especial. Logo seria o próprio Pai quem teria encarnado e sofrido a paixão (patripassionismo).Ou ainda o Pai, o Filho e o Espírito Santo seriam apenas nomes dados às ações de Deus (Sabelianismo) ou Jesus não seria o Logos e sim uma dinamis, uma faculdade com a qual Deus opera no mundo.
Arianismo consistia em afirmar a existência de um único Deus, o Pai, eterno absoluto, imutável, incorruptível. E este ser não poderia comunicar-se, segundo sua concepção, seu ser, nem parcelas dele nem por criação, nem por geração. Deus não poderia gerar um filho. Para criar o mundo Deus teria criado o Logos, criatura superior a tudo, não eterna. E Jesus, homem comum, apenas um receptáculo deste Logos.
Pelagianismo propunha que a natureza humana não era tocada pelo pecado original e o homem seria capaz, com suas próprias forças, evitar o pecado, ou seja, por si mesmo sem auxílio sobrenatural, evitar todos os pecados e praticar todas as boas obras. A natureza humana seria autossuficiente.
As heresias supracitadas são algumas das várias que surgiram até, apenas, o séc V. Muitas são as heresias, mas a proposta da matéria não é somente descrever as mesmas. Entretanto no momento atual da Igreja faz-se necessário discorrer ainda sobre duas heresias.
Protestantismo – surge com Lutero e suas 95 teses, esta heresia carrega dentre vários os seguintes pontos: negação dos sacramentos (aceita somente o Batismo e a Eucaristia), negação do Magistério da Igreja e da Tradição – crê em Sola Scriptura –, defende a livre interpretação da Bíblia, rejeita o Papa e a hierarquia da Igreja, nega o sacerdócio ministerial, nega a Transubstanciação, nega a Virgindade de Maria, afirma a salvação só pela fé - "Pecco fortiter, sed fortius credo" (Peco intensamente, mas ainda mais intensamente creio). No texto Raízes do Protestantismo aqui no site podemos verificar mais características desta nefasta doutrina herética.
É interessante salientar que embora o CDC de 1983, não defina como hereges aqueles que nasceram nas comunidades cristãs separadas da Igreja (devido a ausência da consciência clara e contínua da culpabilidade da negação) deve-se entender que todas as seitas e denominações protestantes tem origem em uma heresia condenada pela Santa Igreja, então é necessária muita prudência e antes de tudo coragem profética acerca de certas iniciativas de “comunhão”; ou tentativas de igualar a Santa Igreja – fora da qual não há Salvação – com estas seitas; ou ainda com o adjetivo de “irmã” que se tenta imputar na relação entre estas denominações e a Igreja, colocando-as num mesmo patamar; ou buscando lhe dar uma origem católica ou um ramo da mesma árvore, pois não o são de forma alguma, representam entretanto o ramo da videira cortado e lançado fora.
Pauperismo – heresia condenada pelo Magistério da Igreja, segundo os seus propugnadores, a pobreza é o sinal distintivo da virtude evangélica, não sendo lícito possuir nenhum (!) bem material próprio, como também bens comunitários. Tal doutrina possui um viés notadamente gnóstico — ou seja, de aversão à matéria, como se esta fosse a distinção ontológica do mal —, e não por outro motivo foi pregada entre cátaros, valdenses, e “espirituais” franciscanos que, na Idade Média, fizeram de tudo para destruir a autoridade do Papa e, por conseguinte, a força do Papado. Em suma queriam transformar um conselho evangélico em dogma6
Esta heresia volta e meia retorna ganha força, a Teologia da Libertação além de outras coisas abraça esta heresia; comunidades novas que surgiram no Brasil, especialmente, difundiram – de forma inconsciente pelos seus membros – esta heresia em suas constituições e práticas, sendo levados por seus fundadores a abdicar e condenar até mesmo “riqueza” de conhecimento; por fim vemos esta heresia tomando força novamente com o advento e início do papado de Francisco, obviamente não pela boca do Santo Padre, mas sim pela má interpretação da sociedade em relação a suas atitudes, conduzidas pela má fé da mídia mundana que usa os atos externos do Sumo Pontífice para afrontar a própria Igreja na sua tradição litúrgica e de símbolos e nos predecessores de Francisco.
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